quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspida, distante, mantenho-me alheia: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO

Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.

Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.

Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto:FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.

Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.

Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.

Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.

Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy:FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.
Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico muda
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressada, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Quando estou feliz demais, sinto uma angústia amordaçante: assusto-me. Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre.
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

domingo, 26 de junho de 2011

Das Vantagens de Ser Bobo


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
Clarice Lispector

sábado, 14 de maio de 2011

Apesar de não estar parecendo bem hoje, eu até que posso afirmar que me sinto muito bem. Sem novas aceitações, ontem minhas regras eram outras, hoje estou disposta a criar novas.
Tenho em mente muito o que fazer nesse dia tão , mais tão digamos que glorioso, minhas estórias estão quase que inacabadas assim que contadas, sempre fico com um gosto de quero mais.
Tenho palpites bem práticos e rápidos dos quais ainda nem descobri quais são de verdade. Nesse dia quero sair de casa e conversar com passarinhos. Quero ser a rainha do parque mais negro da cidade, digo negro pois nele à folhas secas, e nela faz frio, faz mais frio do que no resto da cidade. Quero chegar em casa tarde e exausta, quero ir me deitar sem ter visto o meu programa favorito , e ter aquela alivio ao acordar de manhã e poder fazer a mesma coisa. A rotina pra mim é uma coisa oca, estranha e desconhecida. Ainda quero fazer de tudo um pouco, ir nos melhores lugares, ver novas pessoas , ver novos mentirosos. Que assim como eu adoram inventar uma mentirinha básica, sobre a rotina do dia a dia é claro.
O mundo as vezes me dá provas vivas de que eu só meio Bipolar, no bom sentido já que Bipolaridade é uma doença muito séria , então trataria minhas mudanças constantes de humor com um nome mais prático , "frescura" ... Eu as vezes sou básica e pretendendo usar o mais reservado , proponho a mim mesmo o ousado e passo a usar um estilo meio despojado do qual nem eu mesmo reconheço pela moda feminina. As vezes trato tão bem uma pessoa de rua que eu não conheço que me sinto estranha depois de um tempo achando que essa tal pessoa está pensando que talvez esteja me apaixonando por ela. O que seria impossível já que adotei em mim mesma essa nova regra 'Não me apaixonarei por ninguém'. É uma promessa, não se vê muitas pessoas na minha cidade por quem eu realmente me apaixonaria, eu sou bem sentimental e isso acaba comigo. Eu passei meio que não acreditar em coisas que eu mesmo digo , é como se algo me fizesse dizer. Meus sentimentos são complexos de mais para ter uma explicação boa o suficiente que faça os outros no caso 'você' entender.

Escrevo para me libertar do demônio que habita a minha alma. Ok, é exagero. Escrevo por que gosto, gosto de me expressar de forma clara e culta , gosto de dizer com boca cheia que minha forma de escrever poderia ultrapassar Clarisse Lispector, Martha Medeiros, Entre vários outros. Só eles e eu sabemos como é bom pegar um tempo, ou melhor tentar pegar um tempo e despejar tudo no papel. Com sentimentos bons e outros ruins. Tenho vidas e mais idas quando acordo, por que no meu sonho , nunca sou eu. As vezes no meu sonho eu ganho a forma de uma mulher loira , as vezes morena. As vezes não sou eu, talvez seja uma lembrança minha de outras vidas... E talvez essa coisa toda nem exista. Eu não gosto de inventar estórias quando estou escrevendo, escrevo o que eu sinto não de uma maneira que soe como um diário, mais de uma maneira que todos sintam e se identificam com o que eu escrevi. Sou melhor em escrever do que falar, muitas vezes cantar também é o meu forte, mais eu prefiro escrever. É mais bonito, é mais inteligente. Hoje em dia qualquer palavra diga poderia ser apenas vaga, ou sem nenhuma importância mundialmente. E quando finalmente acabo me vem novas palavras , quando não se tem ninguém para ouvi-las eu despenco a escrever.
Tem coisas que não deveriam ser lidas, ferem muito o nosso coração. Bom, o meu nem pode se falar mais de coração já que abriram nele um buraco enorme oco e sem fim. Tem coisas que deveriam ser mantidas em segredo. É uma coisa muito boa ter segredos, eu sempre gosto de esconder algumas coisa, assim eu volto ter a minha vida e não à vida que os outros querem que eu tenha.

Minha maior paixão será quando eu estiver bem idosa e encontrar um velhinho na rua sentado naquele parque negro que eu citei, eu sentarei do seu lado e vou dizer claramente , iremos ser sepultados um do lado do outro. Eu vou querer rosas vermelhas e você pode ficar com as brancas, eu quero que seja um dia feliz e com festa. Não quero ver choros, quero ver sorrisos. Para comemorar uma vida que terá finalmente a paz que tantos uns precisa, mais não fora do tempo iremos em paz e com essa sensação de dever cumprido, me deixaria muito feliz...
Minhas palavras chegam à um ponto de serem insanas, então dou uma pausa nela e volto a cantar... Minhas músicas favoritas são as que me descrevem e dizem tudo que ninguém nunca vai me dizer , então eu grito-as para o mundo ouvi-las e entender o que eu quero dizer.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
Quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
Eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
De pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
Do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
Do penúltimo, e daquele que hije é o meu e que as vezes mesmo ao meu lado; ainda assim sinto saudade...

Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
Lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
Provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
De quem disse que viria e nem apareceu;
De quem apareceu correndo, sem tempo de me conhecer direito,
De quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram
E de quem não me despedi direito,
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
De gente que passou na calçada contrária da minha vida
E que só enxerguei de vislumbre;
De coisas que eu tive e de outras que não tive, mas quis muito ter;
De coisas que nem sei como existiram, mas que se soubesse,
De certo gostaria de experimentar;

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que,
Não sei aonde,
Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é
E nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar
Sentindo saudades em japonês,
Em russo, em italiano, em inglês,
Mas que minha saudade,
Por eu ter nascido brasileira,
Só fala português embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que se costuma usar sempre a língua pátria,
Espontaneamente, quando estamos desesperados,
Para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes,
Seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you",
Ou seja, lá como possamos traduzir saudade
Em outra língua, nunca terá a mesma força
E significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima, corretamente,
A imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
Todas as vezes que sinto este aperto no peito,
Meio nostálgico meio gostoso,
Mas que funciona melhor do que um sinal vital
Quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis,
De que amamos muito do que tivemos e lamentamos as coisas boas
Que perdemos ao longo da nossa existência...

Sentir saudade é sinal de que se está vivo!